20 de dezembro de 2007

Lágrima

Um sentimento sombrio invade o coração e fá-lo palpitar aceleradamente. Um aperto constante causa uma sensação de dor refinada que nos percorre o corpo de forma incessante e constante. Um frio arrepio de dor causa uma estranha fraqueza desconhecida que nos faz sentir como frágil cristal... que pode quebrar apenas com a brisa de um pequeno suspiro suave.As pernas enfraquecem, todo o corpo fica dormente e sem reacção.
Caímos no chão frio sem razão aparente. Já não conseguimos visualizar o sítio onde estamos porque começamos a perder a visão.Subitamente começamos a sentir o estômago contraído, a face começa a desenhar expressões de tristeza e as mãos auxiliam a chegada de um triste desabafo.Surge então o primeiro indício de grande grandiosidade, pureza e divindade... surge tudo aquilo que resume uma fraqueza, tudo aquilo que ninguém consegue esconder e ninguém evitar... surge o despoletar de todo um sentimento em constante evolução...
E assim brota a primeira lágrima do seco rosto entristecido. Como é bela uma lágrima. Incolor ser doce e límpido de maldade. Ainda que por vezes grande indício de tristeza não deixe de ser um milagre natural difícil de caracterizar e tão delicado de explorar.Qual a verdadeira origem da lágrima? Onde irá culminar? Não sabemos de onde vem mas rapidamente é absorvida pelo rosto dando lugar a outras lágrimas nunca iguais à lágrima primitiva que será sempre a verdadeira razão de todo um sentimento ardente ou descontente.
Porque choramos?
Porque choras?
Eu choro porque sinto que me liberto de todo um sentimento que me prende a alma de respirar, choro porque assim consigo expelir de dentro de mim todo um sentimento que meu corpo rejeita ou choro porque estou triste e assim me quero sentir.
A lágrima é o culminar do alcance do verdadeiro estado solitário, é sinal de vigília interior e reflexão pessoal.
A lágrima é, muitas vezes, a chave das portas da Solidão.

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